Uma pequena história servirá para o estimado leitor entender o artigo. Pe. Higino Latteck , franciscano alemão que atuou em Itaperuna, na década de 70,com o qual tive a honra de conviver, me contou como era viver durante o nazismo na Alemanha.
Tinha um irmão que era sargento da ‘SS’(polícia secreta alemã), com a função de vigiar os prisioneiros dos campos de concentração, que por acaso, onde o irmão fora prisioneiro, na fase de perseguição aos religiosos.
Certo dia, chegando a casa viu os familiares conversando, a noite, descontraidamente frente a lareira da residência.
Falavam de tudo: assuntos familiares, religião, e sobre a ascensão nazista ao poder etc.
Tinham um telefone (daqueles grandes, pretos!).
O irmão alertou a todos que quando conversassem deveriam colocar um cobertor ou algo semelhante cobrindo o aparelho, pois o serviço secreto tinha meios de detectar o que estavam conversando, mesmo com o aparelho desligado e na intimidade do lar!
Embora não acreditando muito nas ponderações do policial à família, passaram a atendê-lo. E, de fato, o serviço secreto, já monitorava famílias que tinham religiosos, como no caso do padre que depois fora preso.
Tinha um irmão que era sargento da ‘SS’(polícia secreta alemã), com a função de vigiar os prisioneiros dos campos de concentração, que por acaso, onde o irmão fora prisioneiro, na fase de perseguição aos religiosos.
Certo dia, chegando a casa viu os familiares conversando, a noite, descontraidamente frente a lareira da residência.
Falavam de tudo: assuntos familiares, religião, e sobre a ascensão nazista ao poder etc.
Tinham um telefone (daqueles grandes, pretos!).
O irmão alertou a todos que quando conversassem deveriam colocar um cobertor ou algo semelhante cobrindo o aparelho, pois o serviço secreto tinha meios de detectar o que estavam conversando, mesmo com o aparelho desligado e na intimidade do lar!
Embora não acreditando muito nas ponderações do policial à família, passaram a atendê-lo. E, de fato, o serviço secreto, já monitorava famílias que tinham religiosos, como no caso do padre que depois fora preso.
Tudo era motivo para investigações, inquéritos, delações até de crianças da família,que denunciavam os pais, avós, parentes, em nome do combate à corrupção e da deturpação dos valores patrióticos e raciais, cultuados nas escolas, colégios e universidades, já que a juventude hitherlerista assim atuava!
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Trazendo o fato e desdobramentos para os dias em que o Brasil vive, podemos dizer que atravessamos uma fase de um ESTADO POLICIAL, onde 'grampear', monitorar, apreender bens, como celulares, computadores, invadir e-mails etc. tornou-se corriqueiro, à busca de 'provas' para a condenação de pessoas, principalmente políticos, empresários etc.
Coisas corriqueiras, que aprendemos na Faculdades de Direito, lições de que a prova pertence a quem acusa (presunção de inocência); restrições ás buscas e apreensões foram jogadas no 'lixo'; prisões preventivas, conduções coercitivas, sem prévias intimações; prisões por cinco dias etc. etc. estão sendo usadas permanentemente na 'apuração' de corrupções,lavagem de dinheiro etc. que todos concordamos devem ser todas combatidas, e os infratores condenados (dentro dos ditames da lei penal e processual.
Mas voltamos não só ao ESTADO POLICIAL, mas à DITADURA JUDICIAL, que como asseverou o grande Rui Barbosa, 'Dessa não há a quem recorrer!'
As consequências disso não sabemos. O desabafo do Ministro Gilmar Mendes, faz sentido, principalmente tratando-se do Supremo Tribunal Federal! Podemos até prever alguma coisa, levando em consideração do que houve na Alemanha e Itália, principalmente!
O Parlamento, A política, de um modo geral, já estão desmoralizados! Tripé da democracia, quando fecharem lá, esta não ficará em pé!
No mesmo passo, o Executivo, onde temos um presidente nas mãos de empresários confessadamente, corruptores, que delatam ao sabor de uma pena mínima, ou até isenção da mesma, para se livrarem de penas altíssimas dos crimes que praticaram há anos e anos, surrupiando os valores nacionais.
Há controvérsias sobre o papel da Polícia Federal nos acordos de diminuição de pena, bem como do Ministério Público, subtraindo o papel do judiciário, encarregado de aplicar e dosar as penas e seu modo de cumprí-las.
Quando jovem advogado, não acreditava na Polícia. Hoje tenho restrições às decisões da Justiça!
Se esta, um dos pilares da democracia se desmoralizar (já temos indícios na Corte Suprema), o que será de nosso país, nossa democracia, futuro de nossos filhos, netos, bisnetos?
É um futuro (local) ‘incerto e não sabido’, como nas informações dos oficiais de justiça quando não encontram o cidadão a ser intimado!
Quadro triste; desolador!
Com a palavra os detentores do poder que ainda não estão presos, investigados, monitorados, desmoralizados por uma mídia partidária, interesseira que também, investiga seleciona, pune etc.
Avisos de brilhantes juristas, membros aposentados do judiciário e do Ministério Público, daqui e de outras partes do mundo, que estudam a problemática judicial brasileira, chamam a atenção para esse QUADRO DESOLADOR, e pior, com o apoio de grande maioria da população, que leiga no assunto, clama por uma agilidade na punição a qualquer preço, esquecidos que sem regras formais, vão fazer mais injustiças, com o nome de Justiça, que punir quem precisa ser punido.
É nosso pensamento e contribuição de quem advoga há 44 (quarenta e quatro anos, (vinte dos quais) a serviço da OAB, nos 5 (cinco) mandatos que esteve na Instituição e quem teve o privilégio de conviver com um padre franciscano (biografia abaixo); prisioneiro de concentração nazista, que conseguiu fugir para nosso país.
Como se diz lá no meu burgo ‘Paciência e caldo de galinha não faz mal a ninguém!’
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Trazendo o fato e desdobramentos para os dias em que o Brasil vive, podemos dizer que atravessamos uma fase de um ESTADO POLICIAL, onde 'grampear', monitorar, apreender bens, como celulares, computadores, invadir e-mails etc. tornou-se corriqueiro, à busca de 'provas' para a condenação de pessoas, principalmente políticos, empresários etc.
Coisas corriqueiras, que aprendemos na Faculdades de Direito, lições de que a prova pertence a quem acusa (presunção de inocência); restrições ás buscas e apreensões foram jogadas no 'lixo'; prisões preventivas, conduções coercitivas, sem prévias intimações; prisões por cinco dias etc. etc. estão sendo usadas permanentemente na 'apuração' de corrupções,lavagem de dinheiro etc. que todos concordamos devem ser todas combatidas, e os infratores condenados (dentro dos ditames da lei penal e processual.
Mas voltamos não só ao ESTADO POLICIAL, mas à DITADURA JUDICIAL, que como asseverou o grande Rui Barbosa, 'Dessa não há a quem recorrer!'
As consequências disso não sabemos. O desabafo do Ministro Gilmar Mendes, faz sentido, principalmente tratando-se do Supremo Tribunal Federal! Podemos até prever alguma coisa, levando em consideração do que houve na Alemanha e Itália, principalmente!
O Parlamento, A política, de um modo geral, já estão desmoralizados! Tripé da democracia, quando fecharem lá, esta não ficará em pé!
No mesmo passo, o Executivo, onde temos um presidente nas mãos de empresários confessadamente, corruptores, que delatam ao sabor de uma pena mínima, ou até isenção da mesma, para se livrarem de penas altíssimas dos crimes que praticaram há anos e anos, surrupiando os valores nacionais.
Há controvérsias sobre o papel da Polícia Federal nos acordos de diminuição de pena, bem como do Ministério Público, subtraindo o papel do judiciário, encarregado de aplicar e dosar as penas e seu modo de cumprí-las.
Quando jovem advogado, não acreditava na Polícia. Hoje tenho restrições às decisões da Justiça!
Se esta, um dos pilares da democracia se desmoralizar (já temos indícios na Corte Suprema), o que será de nosso país, nossa democracia, futuro de nossos filhos, netos, bisnetos?
É um futuro (local) ‘incerto e não sabido’, como nas informações dos oficiais de justiça quando não encontram o cidadão a ser intimado!
Quadro triste; desolador!
Com a palavra os detentores do poder que ainda não estão presos, investigados, monitorados, desmoralizados por uma mídia partidária, interesseira que também, investiga seleciona, pune etc.
Avisos de brilhantes juristas, membros aposentados do judiciário e do Ministério Público, daqui e de outras partes do mundo, que estudam a problemática judicial brasileira, chamam a atenção para esse QUADRO DESOLADOR, e pior, com o apoio de grande maioria da população, que leiga no assunto, clama por uma agilidade na punição a qualquer preço, esquecidos que sem regras formais, vão fazer mais injustiças, com o nome de Justiça, que punir quem precisa ser punido.
É nosso pensamento e contribuição de quem advoga há 44 (quarenta e quatro anos, (vinte dos quais) a serviço da OAB, nos 5 (cinco) mandatos que esteve na Instituição e quem teve o privilégio de conviver com um padre franciscano (biografia abaixo); prisioneiro de concentração nazista, que conseguiu fugir para nosso país.
Como se diz lá no meu burgo ‘Paciência e caldo de galinha não faz mal a ninguém!’
(O autor é advogado há 44 anos, professor, escritor, presidente emérito da Academia Itaperunense de Letras), Membro efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros, e, nas horas vagas, cronista!
PADRE HIGINO RICARDO LATTECK
PADRE HIGINO COM O APOSTOLADO DA ORAÇÃO NA IGREJA MATRIZ DE RECREIO
Pe. Higino, frade fransciscano, nasceu em Instgerburg-Prussia/Alemanha em 31 de março de 1905 e faleceu em 02 de setembro de 1983. Filho de José Latteck e Anna Hanshatter. Estudou no Convento dos Franciscanos em Fulda na Alemanha onde ordenou-se padre franciscano em 27 de abril de 1930. Foi Missionário na Alemanha, Suiça e Iuguslávia no período de 1930 a 1940. Chegou ao Brasil em 06 de junho de 1940 no sul de Mato Grosso, fugindo do anticlericarismo nazista que se implantou na Alemanha. Por pertencer a Ordem dos Franciscanos passou a ser perseguido pelos nazistas e se tornou prisioneiro político sendo levado para um campo de concentração. Lá sofreu os piores horrores daquela triste guerra. Naquele horrendo campo de concentração tinha que andar sem camisa, pois suas costas estava toda cortada e arranhada. Este era o resultado dos castigos pelas inúmeras tentativas de fuga. Apesar dos castigos Frei Higino lutava ferozmente pela sonhada liberdade. Era preciso continuar seu trabalho de sacerdote. Seu irmão se tornara um dos sargentos da guarda civil alemã naquele campo e também era Maçom. Vendo o sofrimento do seu irmão providenciou junto aos irmãos maçons passaportes para ele e seu inseparável amigo Pe. Giuliano para que, appós a fuga pudessem embarcar sem serem perseguidos. E assim os dois embarcaram como passageiros comuns rumo à sonhada liberdade. Foi o primeiro Vigário residente de Dourados de 1940 a 1947. Conforme Inez Maria Bittencourt do Amaral, em sua dissertação de mestrado ENTRE RUPTURAS E PERMANÊNCIA - A Igreja Católica na região de Douras de 1943 a 1971, apresentada do Curso de Pós-gradua em História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Em 1939 foi grande a saida de franciscanos da Alemanha devido a luta anticlerical chamada de culturkampf, política do partido nazista quando controlou totalmente o estado germanico em 1939. A emissão de passaportes ficou prejudicada, conventos foram fechados e muitos padres foram presos. Em Dourados a construção da primeira capela foi iniciada em 1925. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, trazida da França, foi levada em procissão até a capela em oito de dezembro desse mesmo ano. Os apelos da comunidade para que a Paróquia de N.S. da Conceição tivesse um padre residente foi atendido com a posse de Frei Higino Latteck em 1940. Até a construção da residência paroquial,ao lado da capela, esse padre se hospedou na casa de dona Antonia Capilé. Ele se empenhou ferrenhamente para mudar o cenário religioso local, embora com muitas dificuldade, pois era alemão e não falava uma palavra em português; foram as familias católicas que o ensinaram em suas casas. Frei Higino celebrava as Missas e depois perguntava aos mais próximos a ele se havia errado alguma coisa. Em suja luta, encontra-se o apele feito ao Comissariano Franciscano para a vinda das Irmãs de caridade para Dourados, no intuito de que assumissem a catequese nas escolas, o cuidado com os doentes e a expansçao do catolicismo. Entre as propostas encontrava-se a criação de escolas primárias para ambos os sexos e a criação de um internato para as meninas. A proposta esbarrava em dois grandes entraves: encontrar Irmãs que quisessem vir para a região e a Lei de Ensino Brasileira, do governo Vargas, que não permitia a contratação de professores estrangeiros, há não ser que os mesmos já residissem há vários anos no Brasil e passassem por um rigoroso teste de Lingua Portuguesa.
Em 1942 vieram três Irmãs Franciscanas Bernadinas para Dourados. A época não era propícia para o trânsito de estrangeiros, em virtude da Segunda Guerra Mundial. Hou também dificuldades das freiras na renovação dos seus registros de professoras. Sobre a chegada das religiosas Frei Higino escreveu: "o dia dezenove de agosto foi um dia da benção divinal. Chegou, pois, o meu auxiliar muito desejado, o Frei Shaefer. Chegaram, que sorte, três freiras franciscanas destinadas ao ensino das crianças". Em primeiro de setembro as Irmãs Franciscanas abriram o seu colégio na casa das escolas reunidas que o senhor Prefeito benignamente arranjou para este fim. O número de primeiros alunos foi vinte e seis. Além das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos padres e freiras em Dourados, dois deles sofreram constrangimento por parte da polícia local. Assim relatou Frei Higino: "Nós fomos denunciados de sermos espiões políticos no serviço do Nazismo na Alemanha (Nazismo é o governo da nossa terra, cuja doutrina pagã está condenada pelo Senhor Papa e cujos algozes são e eram os inimigos ferozes da Igreja Católica). Duraram sete semanas a nossa prisão, em que podíamos, graças ao bom Delegado de Polícia, rezar a santa missa. O Diabo e seus instrumentos, os caluniadores trabalham, mas é Deus que manda no mundo". O caso relatado que envolveu os dois padres franciscanos Frei Shaefer e Frei Higino Latteck, levou-os a uma detenção vigiada, ou seja permitiam-se que saissem e exercessem suas funções religiosas até 02 de junho de 1942. Esse fato deveu-se ao fato de que esses dois religiosos portassem uma arma durante suas visitas nas redondezas de Dourados e terem sido revistados por policiais. No entanto havia ocorrido um episódio anteriro de denuncia contra Frei Higino. Este costumava tirar uma série de fotografias da região em suas andanças no lombo de um burrinho, o que serviriam para o envioà Turíngia no intuito de obtenção de apoio financeiro para o seu trabalho na região. Algumas pessoas, que desconheciam essa finalidade, confundiram-no como um membro da Gestapo infiltrado no Brasil como espião. Em virtude dessas perseguições, da falta de verbas e da estrutura local, as Irmãs decidiram fechar a escola e sair de Dourados. As Irmãs foram difamadas por certas pessoas católicas que dizendo que eram espiãs, não tinham licença para lecionar, não ensinavam de acordo com o regulamento e não falavam bem o português. Diante do fato assim se manifestou Frei Higino: "Nunca mais, enquanto eu, frei Hygino, for vigário estabelecer-se-ão aqui freiras". De 1947 a 1955 foi Vigário em Recreio-MG. De Recreio foi para Friburgo-RJ tendo sido Vigário e Capelão dos alemães no período de 1955 a 1968. De Friburgo foi para Itaperuna-RJ, sendo vigário de 1968 a 1973 da Paróquia N.S. do Rosário de Fátima. Em 1973 retorna para Recreio-MG como Vigário onde ficou até 02 de setembro de 1983, quando faleceu. Foi sepultado no Cemitério de Recreio. Naturalizou-se brasileiro com o nome de Pe. Higino Ricardo Latteck. Lecionou na Faculdade Santa Marcelina de Muriaé-MG, Filosofia e Cultura Religiosa na década de 1970. Por que Pe. Higino veio para o sul de Mato Grosso? Em 1939 foi grande a saida de franciscanos da Alemanha devido a luta anticlerical pela chamada de Kulturcampf, política do partido nazista que controlou totalmente o estado germânico em 1939. A emissão de passaportes ficou prejudicada, conventos foram fechados e muitos frades foram presos. As despedidas deixaram de ser solenes para não chamar a atenção da Gestapo, a polícia secreta do estado alemão, responsável por vigiar igrejas, seitas, judeus e "pessoas de cor". As comunicações entre a Alemanha e o Brasil foram interrompidas quando o Brasil entrou na guerra contra a Alemanha. Foi a estrada de ferro que trouxe os missionários alemães e boa parte dos materiais de construção para Campo Grande.
PADRE HIGINO COM O APOSTOLADO DA ORAÇÃO NA IGREJA MATRIZ DE RECREIO
Pe. Higino, frade fransciscano, nasceu em Instgerburg-Prussia/Alemanha em 31 de março de 1905 e faleceu em 02 de setembro de 1983. Filho de José Latteck e Anna Hanshatter. Estudou no Convento dos Franciscanos em Fulda na Alemanha onde ordenou-se padre franciscano em 27 de abril de 1930. Foi Missionário na Alemanha, Suiça e Iuguslávia no período de 1930 a 1940. Chegou ao Brasil em 06 de junho de 1940 no sul de Mato Grosso, fugindo do anticlericarismo nazista que se implantou na Alemanha. Por pertencer a Ordem dos Franciscanos passou a ser perseguido pelos nazistas e se tornou prisioneiro político sendo levado para um campo de concentração. Lá sofreu os piores horrores daquela triste guerra. Naquele horrendo campo de concentração tinha que andar sem camisa, pois suas costas estava toda cortada e arranhada. Este era o resultado dos castigos pelas inúmeras tentativas de fuga. Apesar dos castigos Frei Higino lutava ferozmente pela sonhada liberdade. Era preciso continuar seu trabalho de sacerdote. Seu irmão se tornara um dos sargentos da guarda civil alemã naquele campo e também era Maçom. Vendo o sofrimento do seu irmão providenciou junto aos irmãos maçons passaportes para ele e seu inseparável amigo Pe. Giuliano para que, appós a fuga pudessem embarcar sem serem perseguidos. E assim os dois embarcaram como passageiros comuns rumo à sonhada liberdade. Foi o primeiro Vigário residente de Dourados de 1940 a 1947. Conforme Inez Maria Bittencourt do Amaral, em sua dissertação de mestrado ENTRE RUPTURAS E PERMANÊNCIA - A Igreja Católica na região de Douras de 1943 a 1971, apresentada do Curso de Pós-gradua em História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Em 1939 foi grande a saida de franciscanos da Alemanha devido a luta anticlerical chamada de culturkampf, política do partido nazista quando controlou totalmente o estado germanico em 1939. A emissão de passaportes ficou prejudicada, conventos foram fechados e muitos padres foram presos. Em Dourados a construção da primeira capela foi iniciada em 1925. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, trazida da França, foi levada em procissão até a capela em oito de dezembro desse mesmo ano. Os apelos da comunidade para que a Paróquia de N.S. da Conceição tivesse um padre residente foi atendido com a posse de Frei Higino Latteck em 1940. Até a construção da residência paroquial,ao lado da capela, esse padre se hospedou na casa de dona Antonia Capilé. Ele se empenhou ferrenhamente para mudar o cenário religioso local, embora com muitas dificuldade, pois era alemão e não falava uma palavra em português; foram as familias católicas que o ensinaram em suas casas. Frei Higino celebrava as Missas e depois perguntava aos mais próximos a ele se havia errado alguma coisa. Em suja luta, encontra-se o apele feito ao Comissariano Franciscano para a vinda das Irmãs de caridade para Dourados, no intuito de que assumissem a catequese nas escolas, o cuidado com os doentes e a expansçao do catolicismo. Entre as propostas encontrava-se a criação de escolas primárias para ambos os sexos e a criação de um internato para as meninas. A proposta esbarrava em dois grandes entraves: encontrar Irmãs que quisessem vir para a região e a Lei de Ensino Brasileira, do governo Vargas, que não permitia a contratação de professores estrangeiros, há não ser que os mesmos já residissem há vários anos no Brasil e passassem por um rigoroso teste de Lingua Portuguesa.
Em 1942 vieram três Irmãs Franciscanas Bernadinas para Dourados. A época não era propícia para o trânsito de estrangeiros, em virtude da Segunda Guerra Mundial. Hou também dificuldades das freiras na renovação dos seus registros de professoras. Sobre a chegada das religiosas Frei Higino escreveu: "o dia dezenove de agosto foi um dia da benção divinal. Chegou, pois, o meu auxiliar muito desejado, o Frei Shaefer. Chegaram, que sorte, três freiras franciscanas destinadas ao ensino das crianças". Em primeiro de setembro as Irmãs Franciscanas abriram o seu colégio na casa das escolas reunidas que o senhor Prefeito benignamente arranjou para este fim. O número de primeiros alunos foi vinte e seis. Além das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos padres e freiras em Dourados, dois deles sofreram constrangimento por parte da polícia local. Assim relatou Frei Higino: "Nós fomos denunciados de sermos espiões políticos no serviço do Nazismo na Alemanha (Nazismo é o governo da nossa terra, cuja doutrina pagã está condenada pelo Senhor Papa e cujos algozes são e eram os inimigos ferozes da Igreja Católica). Duraram sete semanas a nossa prisão, em que podíamos, graças ao bom Delegado de Polícia, rezar a santa missa. O Diabo e seus instrumentos, os caluniadores trabalham, mas é Deus que manda no mundo". O caso relatado que envolveu os dois padres franciscanos Frei Shaefer e Frei Higino Latteck, levou-os a uma detenção vigiada, ou seja permitiam-se que saissem e exercessem suas funções religiosas até 02 de junho de 1942. Esse fato deveu-se ao fato de que esses dois religiosos portassem uma arma durante suas visitas nas redondezas de Dourados e terem sido revistados por policiais. No entanto havia ocorrido um episódio anteriro de denuncia contra Frei Higino. Este costumava tirar uma série de fotografias da região em suas andanças no lombo de um burrinho, o que serviriam para o envioà Turíngia no intuito de obtenção de apoio financeiro para o seu trabalho na região. Algumas pessoas, que desconheciam essa finalidade, confundiram-no como um membro da Gestapo infiltrado no Brasil como espião. Em virtude dessas perseguições, da falta de verbas e da estrutura local, as Irmãs decidiram fechar a escola e sair de Dourados. As Irmãs foram difamadas por certas pessoas católicas que dizendo que eram espiãs, não tinham licença para lecionar, não ensinavam de acordo com o regulamento e não falavam bem o português. Diante do fato assim se manifestou Frei Higino: "Nunca mais, enquanto eu, frei Hygino, for vigário estabelecer-se-ão aqui freiras". De 1947 a 1955 foi Vigário em Recreio-MG. De Recreio foi para Friburgo-RJ tendo sido Vigário e Capelão dos alemães no período de 1955 a 1968. De Friburgo foi para Itaperuna-RJ, sendo vigário de 1968 a 1973 da Paróquia N.S. do Rosário de Fátima. Em 1973 retorna para Recreio-MG como Vigário onde ficou até 02 de setembro de 1983, quando faleceu. Foi sepultado no Cemitério de Recreio. Naturalizou-se brasileiro com o nome de Pe. Higino Ricardo Latteck. Lecionou na Faculdade Santa Marcelina de Muriaé-MG, Filosofia e Cultura Religiosa na década de 1970. Por que Pe. Higino veio para o sul de Mato Grosso? Em 1939 foi grande a saida de franciscanos da Alemanha devido a luta anticlerical pela chamada de Kulturcampf, política do partido nazista que controlou totalmente o estado germânico em 1939. A emissão de passaportes ficou prejudicada, conventos foram fechados e muitos frades foram presos. As despedidas deixaram de ser solenes para não chamar a atenção da Gestapo, a polícia secreta do estado alemão, responsável por vigiar igrejas, seitas, judeus e "pessoas de cor". As comunicações entre a Alemanha e o Brasil foram interrompidas quando o Brasil entrou na guerra contra a Alemanha. Foi a estrada de ferro que trouxe os missionários alemães e boa parte dos materiais de construção para Campo Grande.
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