CRÔNICA SOBRE MEUS PAIS.
Não sei o porquê, de quando em vez me dá uma inominável indescritível vontade de escrever sobre meus pais
Admiração que tenho pelos dois, é um gesto de amor tão filial que transcende minha inibição.
E o mais estranho é situar e analisar a admiração com personalidades tão diversas, quanto ao jeito, modo e a maneira de agir e de pensar, uma união que durou mais de cinquentas anos, num um misto de amor e contradição de ações para com os filhos, administração das coisas do casal etc.; de luta e de trabalho em uma relação tão contundente, tão conflituosa que mereceria até uma análise psicanalítica
Meu pai, já falecido, tinha, um dom espiritual elevado, ao mesmo tempo depressivo, filósofo, ripe etc...
Minha mãe uma guerreira prática e eficiente, econômica e de uma inteligência emocional próxima a genialidade.
Dele (meu pai), recordo os bons momentos da minha infância; das longas caminhadas a pé, que fazíamos, até chegar “serrinha”, fazendola de vô Balbina.
Saíamos as quatro da manhã, fazendo um longo percurso, que dava para perceber nas casas rurais e nas estradas e trilhas, o cheiro do mato, do café de garapa que emanava das casas rurais próximas dos caminhos e trilhas que passávamos; das nascentes das águas e o respeito que ele me infundia pela flora e pela fauna, transferindo um respeito e admiração fenomenal pela natureza.
Tudo me permitia nessas caminhas, como rolar pedras morro abaixo etc. menos matar qualquer pássaro, bicho, pegar qualquer flor, mesmo aquelas mais comuns da relva sobre qual passávamos.
Ao anoitecer, chegando à casa de vovó, passava horas, com o janelão do quarto aberto, mostrando-me as estrelas e pacientemente apontando para “o cruzeiro do sul” como se quisesse me mostrar os céus, Deus, enfim todas as criaturas boas que acreditava estar lá!
Quando chovia ou fazia calor ou frio, não amaldiçoava o tempo!
- Todo tempo é bom meu filho, as pessoas não sabem que injustiça fazem com a natureza ao falar em “mau tempo”, filosofava!
Foi meu primeiro professor antes de qualquer escola. Meu primeiro e único ecologista, uma pessoa que amava tanto a natureza sendo praticamente analfabeto, posto que só tinha o curso primário!
Foi também, mais que um educador; um filósofo!
- Qual a importância tem em saber para onde corre o rio. O importante é saber que corre, que tem vida, que vence barreiras, tem como componente o maior elemento da natureza que é a água.
-Amava como ninguém os livros, quaisquer que fossem, ele dizia: ‘é bom, é muito bom este livro’.
Para ele não existia livros ruins pois partia do pressuposto que o livro reunia o que de melhor uma pessoa, podia colocar em suas páginas.
Lembro que o melhor presente que confessara ter ganhado, foi um dicionário escolar da minha esposa! Consultava-o sempre na sua “ignorância” nas letras e definições. Tinha um espirito que o impulsionava a conhecer não só para mostrar “cultura” mas para educar e saber o que a escola lhe negou!
A humildade era seu atributo maior.
A humildade era seu atributo maior.
Impressionante:
Nunca ouvi falar mal de qualquer pessoa. Quando alguém lhe importunava, ele simplesmente se afastava e dizia “deixe para lá, meu filho!”
Por pior pessoa por que fosse e agressivo!
Tinha preocupações materiais para manter a família. O primeiro dinheiro conseguido gastava todo e. perguntado por minha mãe, como seria o dia amanhã, simplesmente respondia:
“Deus dará outro... Deus dará outro”
E o impressionante que Deus sempre o ouvia em suas preces a cada necessidade surgia uma solução que para nós parecia impossível!
Nunca ouvi falar mal de qualquer pessoa. Quando alguém lhe importunava, ele simplesmente se afastava e dizia “deixe para lá, meu filho!”
Por pior pessoa por que fosse e agressivo!
Tinha preocupações materiais para manter a família. O primeiro dinheiro conseguido gastava todo e. perguntado por minha mãe, como seria o dia amanhã, simplesmente respondia:
“Deus dará outro... Deus dará outro”
E o impressionante que Deus sempre o ouvia em suas preces a cada necessidade surgia uma solução que para nós parecia impossível!
Quanto a minha mãe, é uma pessoa totalmente prática que procura, ainda hoje, através da controvérsia, mostrar aos filhos que as coisas materiais fazem sentido. São necessárias e devem ser quantificadas, perseguidas, para a tranquilidade do lar, da família e do futuro dos filhos.
Foi e continua sendo também minha professora, economista; minha guerreira! Não sei de onde vêm a força desta mulher, que consegue ainda hoje aos 84 anos, energia para viver, lutar e interagir, acontecer todas as coisas. Fé. para guardar para si, para os outros, e rezar, mais uma oração não convencional, orar informando, ensinando, educando!
Foram décadas para descobrir que ela já sintetizava o segredo para uma vida saudável: comer pouco, apenas o necessário para manutenção do corpo e caminhar (exercitar!).
Parece ter a satisfação de contrariar os partidários do otimismo barato. Otimista sim, mas dentro de uma realidade. Reflete em suas conversas um pessimismo franco, com as coisas, o futuro, como a economia e a educação dos netos, mas este “pessimismo”, se observa nada mais do que o mais franco dos otimismos!
- Não existe êxito sem luta, nem sobrevivência sem trabalho “se você quer merecer a comida de hoje, pergunte o que fizeste para merecer isso?
- O mundo é feito de trabalho, de luta, de garra.
Não existe realização sem trabalho, nem sucesso sem determinação!
Muitas vezes a vi orar (mas dissimuladamente). Parecia não gostar de se submeter a um SER superior, embora esteja nisso a maior submissão em sua fé.
- A verdadeira oração é o trabalho, é o que ajuda as pessoas a merecerem e serem ajudadas;
O resto é “pantomina”. – Assevera!
Criticava as beatas, as jovens com suas vestes caracterizadas.
- Porque não rezar trabalhando, construindo, progredindo, ressalta.
- Que mérito tem rezar um terço todo, se não pratica uma boa ação?
Porque a clausura?
Sua forma de rezar e ajudar é diferente, condena, ainda hoje, as repetições, mas reza “escondidamente o terço todos os dias!”
Critica quem não se esforça até a exaustão, mas não reza e nem ajuda os fracos.
Para ela dois ou três tipos merecem compaixão: os doentes, os deficientes, crianças e idosos.
Só esses teem cem por cento de desconto nos atos que praticam: a criança e o idoso.
- A criança porque depende do adulto, seu ‘juízo’ é o deles!
Os velhos. porque enfraquecidos, merecem proteção frequente.
Para ela o pior lugar antes do túmulo é um asilo, que por melhor que seja não tem o aconchego de um lar, mesmo que o mais simples casebre.
Tem consciência de casa e de lar.
Uma casa eu posso construir em um mês. Um lar a vida toda! Exclamava.
Disse ser ela a minha primeira professora de economia por dois fatos marcantes.
Lembro-me, na era dos tostões me recriminou de forma prática ao meu dizer de que “um tostão não valia nada”.
Certo dia, pegou uma porção de moedas, que estavam na cristaleira (um tipo de armário que se usava na cozinha), e mandou-me comprar dois quilos de arroz, (eu tinha oito anos), e, sem conferir as moedas, me dirigi a venda de um comerciante chamado ‘Caio’. Lá, o comerciante ao checar as moedas, viu que faltava um tostão , para complementar o pagamento, de dois quilos de arroz solicitado. O comerciante embora me entregando os dois quilos de arroz solicitado, pediu que eu disse-se a ela ao chegar em casa, que estava faltando um tostão, e que ela mandasse o mesmo na próxima compra!
Ao chegar em casa declinei para “velha” que o comerciante Caio, dissera que ela deveria mandar a quantia que faltava.
- Ora, não faltou nada, não era só um tostão? Indagou ela.
- Você mesmo se encarregue de pagar ao Caio. Você não disse que um tostão não vale nada. Ponderei a ela, que eu não tinha nem um tostão, e nem dinheiro nenhum e que ficaria chato, chegar lá e fazer nova compra sem repor o que estava devendo.
Mas a velha foi incisiva.
- Você se vira, ali no quintal tem vários tostões pendurados naquelas árvores, asseverou! Eram as laranjas que estavam no ponto de serem vendidas.
Aí percebi a malícia construtiva da mãe-professora-economista nata!
Ela tinha, propositalmente, retido o tostão da quantia que eu levara para comprar o arroz.
Queria me ensinar o valor das pequenas coisas e apontar para o futuro de um homem honesto
-Quanto a isto, honestidade, também não faltou lições dela.
Certa vez fui levar um corte de “caque”, para dona filinha, para fazer uma calça para papai, e lá chegando percebi que havia no varal, vários pregadores de roupa, que eu, consegui surrupiar, pois planejava colocá-los na orelha dos colegas, durante o período das aulas, na escola rural. Chegando em casa, e vendo eu com aquela sacolinha com os pregadores de roupa, ela me perguntou:
- Onde conseguiste isso, moleque?
E eu com aquelas desculpas infantis, dizia: “Foi o carlinhos que me dêu”; Ailton, que tinha o apelido de pirulito, etc..
Nada disso moleque:
Você apanhou isto na ‘dona filinha’, pois só ela tem pregadores de roupa, por ser costureira.
Ora, pegue todos, e vá à casa de dona filinha e entregue os pregadores nas mãos dela, que morava bem distante no chamado bairro ‘Coreia’, nome dado posto que lá dava muita briga, com peixeira, foiçadas e tudo mais!
Fui caminhando com o produto do “crime”, que cometerá, com o pensamento acelerado de como iria chegar perto de dona filinha e dizer: ‘Vim entregar o que apanhei irregularmente!’
Assim caminhando lentamente fui “bolando” o que dizer para dona filinha. Mas nada se encaixava dentro do natural, pois ela ia saber que eu havia apanhado irregularmente os tais pregadores. Como era bem distante de nossa casa, a residência de dona filinha, e ao sol de meio dia, que queimava os meus pés em contato com a terra, fui a caminhando no mais penoso percurso que fiz na vida.
Ao chegar frente ao alpendre, onde ficava dona filinha costurando, atirei lá de baixo, a sacola com os pregadores furtados, e voltei pensando de como falar com ela, posto que tinha me recomendado a entregar nas mãos dela, (nas mãos de dona filinha).
Não me lembro se ela conferiu com dona filinha a entrega, pois ela se encontravam semanas depois.
Mas a lição ficou para que eu não pegasse nada que não fosse meu!
Lição de honestidade, que sempre procurei a transmitir aos meus filhos e netos.
Tinha também o senso de organização e de autoridade.
Quando já em Itaperuna, casado, fui pintar a minha casa, ela ofereceu para que nós dormíssemos na casa dela. Minha filha, já mocinha estudava no colégio’Marechal Deodoro da Fonseca! Hoje, ‘Dez de Maio’. Pela manhã, e apressada para chegar à escola no horário previsto, levantou-se no primeiro dia, tomou café e foi estudar, sem arrumar a cama. Natural para quem levantava cedo, e apressadamente!
No segundo dia, a mesma coisa, no terceiro, ela questionou a neta: “ gosto muito de você minha querida neta, Estou muito satisfeita de você dormir aqui em casa, mas por favor, quando chegar da escola, arrume a cama que você dormiu, hoje eu arrumei pela última vez, e não será eu, com oitenta anos que, vou arrumar cama para você com treze anos!’
A neta, revoltada, pois quem arrumava a cama, lá em casa era a empregada, não mais voltou para dormir, preferindo ficar em nossa casa mesmo com cheiro de tinta, do que se submeter ao conselho da avó! mas estou certo que ficou a lição, para sempre, porque a encarnação do pais que esta escreve, com a filha permanece até hoje!
- Vá arrumar a cama, você não lembra da lição da sua avô, não?! Sempre relembro a título de ‘gozação!’
Esta lição, umas das poucas, que me recordo do perfil de minha mãe, que ainda tenho a felicidade do convívio.
Foi deste amalgama de ideias, pensamentos dela e de meu pai, contradições, paixões e amor dela para conosco que acabou se ajustando na personalidade dos filhos, retratadas hoje por este cronista, que tem a felicidade de ter sido criado e educado por genitores tão capazes!
Pais tão puros, tão abençoados por Deus!
Foi e continua sendo também minha professora, economista; minha guerreira! Não sei de onde vêm a força desta mulher, que consegue ainda hoje aos 84 anos, energia para viver, lutar e interagir, acontecer todas as coisas. Fé. para guardar para si, para os outros, e rezar, mais uma oração não convencional, orar informando, ensinando, educando!
Foram décadas para descobrir que ela já sintetizava o segredo para uma vida saudável: comer pouco, apenas o necessário para manutenção do corpo e caminhar (exercitar!).
Parece ter a satisfação de contrariar os partidários do otimismo barato. Otimista sim, mas dentro de uma realidade. Reflete em suas conversas um pessimismo franco, com as coisas, o futuro, como a economia e a educação dos netos, mas este “pessimismo”, se observa nada mais do que o mais franco dos otimismos!
- Não existe êxito sem luta, nem sobrevivência sem trabalho “se você quer merecer a comida de hoje, pergunte o que fizeste para merecer isso?
- O mundo é feito de trabalho, de luta, de garra.
Não existe realização sem trabalho, nem sucesso sem determinação!
Muitas vezes a vi orar (mas dissimuladamente). Parecia não gostar de se submeter a um SER superior, embora esteja nisso a maior submissão em sua fé.
- A verdadeira oração é o trabalho, é o que ajuda as pessoas a merecerem e serem ajudadas;
O resto é “pantomina”. – Assevera!
Criticava as beatas, as jovens com suas vestes caracterizadas.
- Porque não rezar trabalhando, construindo, progredindo, ressalta.
- Que mérito tem rezar um terço todo, se não pratica uma boa ação?
Porque a clausura?
Sua forma de rezar e ajudar é diferente, condena, ainda hoje, as repetições, mas reza “escondidamente o terço todos os dias!”
Critica quem não se esforça até a exaustão, mas não reza e nem ajuda os fracos.
Para ela dois ou três tipos merecem compaixão: os doentes, os deficientes, crianças e idosos.
Só esses teem cem por cento de desconto nos atos que praticam: a criança e o idoso.
- A criança porque depende do adulto, seu ‘juízo’ é o deles!
Os velhos. porque enfraquecidos, merecem proteção frequente.
Para ela o pior lugar antes do túmulo é um asilo, que por melhor que seja não tem o aconchego de um lar, mesmo que o mais simples casebre.
Tem consciência de casa e de lar.
Uma casa eu posso construir em um mês. Um lar a vida toda! Exclamava.
Disse ser ela a minha primeira professora de economia por dois fatos marcantes.
Lembro-me, na era dos tostões me recriminou de forma prática ao meu dizer de que “um tostão não valia nada”.
Certo dia, pegou uma porção de moedas, que estavam na cristaleira (um tipo de armário que se usava na cozinha), e mandou-me comprar dois quilos de arroz, (eu tinha oito anos), e, sem conferir as moedas, me dirigi a venda de um comerciante chamado ‘Caio’. Lá, o comerciante ao checar as moedas, viu que faltava um tostão , para complementar o pagamento, de dois quilos de arroz solicitado. O comerciante embora me entregando os dois quilos de arroz solicitado, pediu que eu disse-se a ela ao chegar em casa, que estava faltando um tostão, e que ela mandasse o mesmo na próxima compra!
Ao chegar em casa declinei para “velha” que o comerciante Caio, dissera que ela deveria mandar a quantia que faltava.
- Ora, não faltou nada, não era só um tostão? Indagou ela.
- Você mesmo se encarregue de pagar ao Caio. Você não disse que um tostão não vale nada. Ponderei a ela, que eu não tinha nem um tostão, e nem dinheiro nenhum e que ficaria chato, chegar lá e fazer nova compra sem repor o que estava devendo.
Mas a velha foi incisiva.
- Você se vira, ali no quintal tem vários tostões pendurados naquelas árvores, asseverou! Eram as laranjas que estavam no ponto de serem vendidas.
Aí percebi a malícia construtiva da mãe-professora-economista nata!
Ela tinha, propositalmente, retido o tostão da quantia que eu levara para comprar o arroz.
Queria me ensinar o valor das pequenas coisas e apontar para o futuro de um homem honesto
-Quanto a isto, honestidade, também não faltou lições dela.
Certa vez fui levar um corte de “caque”, para dona filinha, para fazer uma calça para papai, e lá chegando percebi que havia no varal, vários pregadores de roupa, que eu, consegui surrupiar, pois planejava colocá-los na orelha dos colegas, durante o período das aulas, na escola rural. Chegando em casa, e vendo eu com aquela sacolinha com os pregadores de roupa, ela me perguntou:
- Onde conseguiste isso, moleque?
E eu com aquelas desculpas infantis, dizia: “Foi o carlinhos que me dêu”; Ailton, que tinha o apelido de pirulito, etc..
Nada disso moleque:
Você apanhou isto na ‘dona filinha’, pois só ela tem pregadores de roupa, por ser costureira.
Ora, pegue todos, e vá à casa de dona filinha e entregue os pregadores nas mãos dela, que morava bem distante no chamado bairro ‘Coreia’, nome dado posto que lá dava muita briga, com peixeira, foiçadas e tudo mais!
Fui caminhando com o produto do “crime”, que cometerá, com o pensamento acelerado de como iria chegar perto de dona filinha e dizer: ‘Vim entregar o que apanhei irregularmente!’
Assim caminhando lentamente fui “bolando” o que dizer para dona filinha. Mas nada se encaixava dentro do natural, pois ela ia saber que eu havia apanhado irregularmente os tais pregadores. Como era bem distante de nossa casa, a residência de dona filinha, e ao sol de meio dia, que queimava os meus pés em contato com a terra, fui a caminhando no mais penoso percurso que fiz na vida.
Ao chegar frente ao alpendre, onde ficava dona filinha costurando, atirei lá de baixo, a sacola com os pregadores furtados, e voltei pensando de como falar com ela, posto que tinha me recomendado a entregar nas mãos dela, (nas mãos de dona filinha).
Não me lembro se ela conferiu com dona filinha a entrega, pois ela se encontravam semanas depois.
Mas a lição ficou para que eu não pegasse nada que não fosse meu!
Lição de honestidade, que sempre procurei a transmitir aos meus filhos e netos.
Tinha também o senso de organização e de autoridade.
Quando já em Itaperuna, casado, fui pintar a minha casa, ela ofereceu para que nós dormíssemos na casa dela. Minha filha, já mocinha estudava no colégio’Marechal Deodoro da Fonseca! Hoje, ‘Dez de Maio’. Pela manhã, e apressada para chegar à escola no horário previsto, levantou-se no primeiro dia, tomou café e foi estudar, sem arrumar a cama. Natural para quem levantava cedo, e apressadamente!
No segundo dia, a mesma coisa, no terceiro, ela questionou a neta: “ gosto muito de você minha querida neta, Estou muito satisfeita de você dormir aqui em casa, mas por favor, quando chegar da escola, arrume a cama que você dormiu, hoje eu arrumei pela última vez, e não será eu, com oitenta anos que, vou arrumar cama para você com treze anos!’
A neta, revoltada, pois quem arrumava a cama, lá em casa era a empregada, não mais voltou para dormir, preferindo ficar em nossa casa mesmo com cheiro de tinta, do que se submeter ao conselho da avó! mas estou certo que ficou a lição, para sempre, porque a encarnação do pais que esta escreve, com a filha permanece até hoje!
- Vá arrumar a cama, você não lembra da lição da sua avô, não?! Sempre relembro a título de ‘gozação!’
Esta lição, umas das poucas, que me recordo do perfil de minha mãe, que ainda tenho a felicidade do convívio.
Foi deste amalgama de ideias, pensamentos dela e de meu pai, contradições, paixões e amor dela para conosco que acabou se ajustando na personalidade dos filhos, retratadas hoje por este cronista, que tem a felicidade de ter sido criado e educado por genitores tão capazes!
Pais tão puros, tão abençoados por Deus!
Com toda modéstia,’não dá inveja ao leitor, com toda permissão, ser criado e educado assim?!
Laércio Andrade de Souza.
Laércio Andrade de Souza.

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