UMA CRÔNICA SOBRE PADRE LÉO
Laércio Andrade de Souza
Laércio Andrade de Souza
Confesso que me emocionei grandemente ao ligar na TV CANÇÂO NOVA, em sua repetidora no Espírito Santo (Guarapari-Es) quando se lia na parte baixa do vídeo:
“Padre Léo
• 09/10/1961
+ 04/01/2007”
“Padre Léo
• 09/10/1961
+ 04/01/2007”
Foi um grande impacto.
Em princípio, decepção, desânimo!
Aquele singular e ignorante desânimo que tomou conta dos discípulos de Emaús após a crucificação de Cristo!
“Nós esperávamos que fosse ele quem iria redimir Israel, mas, contudo isso, faz três dias que todas essa coisas aconteceram!” ( Lucas 24,21).
As minhas, as nossas orações feitas pela cura do Padre Léo “não tinham sido ouvidas pelo Senhor!”... (sic).
Diante da minha pouca fé para com as coisas do céu e projetos de Deus, voltava a exclamar: pouco adiantou !
Recordava de suas palestras, sempre sábias, salpicadas de uma irreverência que fazia sorrir; curava, libertava e alentava os espíritos mais descrentes e rebeldes.
Confidenciei a um amigo “descrente”: - Se você quiser continuar “descrente” não assista palestra do Padre Léo até o fim. Ele vai te convencer !
Ele penetrava no fundo d’alma do telespectador, do interlocutor...
Via nas palestras do Padre Léo algo de formidável, natural, didático, teológico, filosófico... um Santo Padre!
Não sendo eu muito de orar, rezei muitas vezes durante o dia e a noite para que ele recuperasse a sua saúde...
Enfim, a projeção no vídeo de seu falecimento... para espanto meu e de milhões de admiradores...
Uma das orações (mais ou menos três meses antes do seu passamento), eu fiz sentado numa estreita cama de uma sala de fisioterapia na clínica de minha cidade de Itaperuna-RJ. Estava eu com um estiramento muscular e uma dor nevrálgica (simples) e isto me incomodava muito. Era a primeira sessão de um total de dez, recomendada pelo médico.
Mas, gozando de perfeita saúde, aquela “dorzinha”, me fez procurar o médico fisioterapeuta, que a princípio colocou um “saco de gelo” e se retirou pedindo que eu a chamasse vinte minutos depois!
E nesses “vinte minutos” lembrei-me do Padre Léo, que reclamava, numa de suas palestras, que o câncer tinha atingido vários órgãos seus, e que, naquele dia, o que mais lhe doía “era a perna direita”.
Decidi então, na simplicidade e pouca relevância, dedicar em oração a minha simples dor (também na perna direita!) ao sofrimento do Padre Léo, rogando ao Senhor que pelo menos descontasse, diminuísse na sua perna a dor que eu sentia, na mesma proporção (se não fosse possível ser maior que a dor que eu sentia)...
Não para eu me beneficiar... mas para diminuir a dor do Padre!
Não sei se o Senhor aceitou minha prece do jeito que eu queria, mas que Ele a ouviu, ouviu!
Exalou em mim, após a prece, uma tranqüilidade, uma harmonia tão grande que eu não mais sentia dor, saindo caminhando normalmente.
Ora, me perguntei: Mas eu não pedi para tirar a minha dor, mas amainar a dele?!
A oração produziu efeito contrário, certamente - pensei.
Foi aí, após muita meditação, que procurei ir mais longe. Agora vou orar ao Senhor pela cura do Padre Léo.
Que pretensão a minha! Não que Padre Léo não a merecesse, e eu a desejasse muito, muito.
É que eu, pobre pecador, com “uma fé mil vezes inferior a um grão de mostarda”, queria que o Senhor curasse os males físicos do Padre Léo a meu pedido, numa fraca e pretensiosa oração!
Hoje analisando os acontecimentos que se seguiram, constato que o Senhor tinha planos maiores para o Padre Léo. A rede seria lançada “ em águas mais profundas”!
Era realmente um homem santo; e como Santo tinha que ser arrebatado a sua morada e lá do alto continuar o seu trabalho de intercessão por mim e por você leitor; por nós, pela humanidade...
Observei, contudo, sempre através da Canção Nova (que eu e minha esposa somos sócios) que o quadro de decadência física era visível e que Padre Léo não mais se recuperaria fisicamente.
Porém, mesmo debilitado, sua voz era firme até na descrição da doença e no apelo final: “Buscai as coisas do alto”- aliás título de seu último livro escrito a caminho de seu calvário!
As pessoas que assistiam a TV naquele “Rincão”, que foi sua última palestra, não conseguiam desgrudar o olho do vídeo. Lá estavam também emocionados seus melhores amigos: Padre Jonas, Luzia Santiago, Etho, “seus filhos”, a comunidade e o padre que o substituiria.
“Buscai as coisas do alto” - repetia, tenaz e fortemente!
Aludindo à sua doença, exclamava: – “Não sei porque este câncer veio, mas para que ele veio eu sei” (sic). – Veio para que eu seja um melhor Padre “...mais isso, mais aquilo...
Tudo entremeado de uma Santa humildade e doce resignação!
Fraco, estava mais forte, parodiando São Paulo em sua Carta aos Coríntios (12.9): “Basta-me a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta seu poder”.
Ali, compreendi e deduzi: Padre Léo estava sendo chamado ao reino dos céus!
Era a oração de despedida endereçada a milhões de telespectadores interligados na TV Canção Nova.
Era a oração de conclamação: “Buscai as coisas do alto” ...tudo o que temos materialmente um dia perderemos - dizia ele, com a potencial voz de orador, concitando-nos a voltarmos para Senhor.
Ali, naquela hora, naquele dia me convenci que o projeto de Deus tinha se completado para permanência de Padre Léo, neste mundo... e como Ele usa os seus eleitos para nos atrair, pobres pecadores, para sua Casa!
Padre Léo se foi !
Confesso, novamente, que continuo grandemente emocionado e a me perguntar: Por que choro pela partida de alguém que nem mesmo conheci pessoalmente, cuja minha ligação com ele era simplesmente de um fiel telespectador num “encontro espiritual”, “numa simples e pobre oração” começada numa clínica de fisioterapia...
O certo - e disso estou certo - Padre Léo está no céu verificando a veracidade e sinceridade desse depoimento e, certamente, “gozando” mineiramente de minhas dúvidas...
“Bobo, você não sabe como aqui, no andar de cima, as coisas são muito mais exuberantes do que aí na terra!...”
Por fim, mas não por último, como diria a filósofo, sei que temos mais um amigo no céu a interceder por nós (que somos de pouca fé) e, contraditórios nós, pedindo a Deus que dediquemos os dias terrenos que nos restam e que “Busquemos sempre as coisas do Alto”.
Em princípio, decepção, desânimo!
Aquele singular e ignorante desânimo que tomou conta dos discípulos de Emaús após a crucificação de Cristo!
“Nós esperávamos que fosse ele quem iria redimir Israel, mas, contudo isso, faz três dias que todas essa coisas aconteceram!” ( Lucas 24,21).
As minhas, as nossas orações feitas pela cura do Padre Léo “não tinham sido ouvidas pelo Senhor!”... (sic).
Diante da minha pouca fé para com as coisas do céu e projetos de Deus, voltava a exclamar: pouco adiantou !
Recordava de suas palestras, sempre sábias, salpicadas de uma irreverência que fazia sorrir; curava, libertava e alentava os espíritos mais descrentes e rebeldes.
Confidenciei a um amigo “descrente”: - Se você quiser continuar “descrente” não assista palestra do Padre Léo até o fim. Ele vai te convencer !
Ele penetrava no fundo d’alma do telespectador, do interlocutor...
Via nas palestras do Padre Léo algo de formidável, natural, didático, teológico, filosófico... um Santo Padre!
Não sendo eu muito de orar, rezei muitas vezes durante o dia e a noite para que ele recuperasse a sua saúde...
Enfim, a projeção no vídeo de seu falecimento... para espanto meu e de milhões de admiradores...
Uma das orações (mais ou menos três meses antes do seu passamento), eu fiz sentado numa estreita cama de uma sala de fisioterapia na clínica de minha cidade de Itaperuna-RJ. Estava eu com um estiramento muscular e uma dor nevrálgica (simples) e isto me incomodava muito. Era a primeira sessão de um total de dez, recomendada pelo médico.
Mas, gozando de perfeita saúde, aquela “dorzinha”, me fez procurar o médico fisioterapeuta, que a princípio colocou um “saco de gelo” e se retirou pedindo que eu a chamasse vinte minutos depois!
E nesses “vinte minutos” lembrei-me do Padre Léo, que reclamava, numa de suas palestras, que o câncer tinha atingido vários órgãos seus, e que, naquele dia, o que mais lhe doía “era a perna direita”.
Decidi então, na simplicidade e pouca relevância, dedicar em oração a minha simples dor (também na perna direita!) ao sofrimento do Padre Léo, rogando ao Senhor que pelo menos descontasse, diminuísse na sua perna a dor que eu sentia, na mesma proporção (se não fosse possível ser maior que a dor que eu sentia)...
Não para eu me beneficiar... mas para diminuir a dor do Padre!
Não sei se o Senhor aceitou minha prece do jeito que eu queria, mas que Ele a ouviu, ouviu!
Exalou em mim, após a prece, uma tranqüilidade, uma harmonia tão grande que eu não mais sentia dor, saindo caminhando normalmente.
Ora, me perguntei: Mas eu não pedi para tirar a minha dor, mas amainar a dele?!
A oração produziu efeito contrário, certamente - pensei.
Foi aí, após muita meditação, que procurei ir mais longe. Agora vou orar ao Senhor pela cura do Padre Léo.
Que pretensão a minha! Não que Padre Léo não a merecesse, e eu a desejasse muito, muito.
É que eu, pobre pecador, com “uma fé mil vezes inferior a um grão de mostarda”, queria que o Senhor curasse os males físicos do Padre Léo a meu pedido, numa fraca e pretensiosa oração!
Hoje analisando os acontecimentos que se seguiram, constato que o Senhor tinha planos maiores para o Padre Léo. A rede seria lançada “ em águas mais profundas”!
Era realmente um homem santo; e como Santo tinha que ser arrebatado a sua morada e lá do alto continuar o seu trabalho de intercessão por mim e por você leitor; por nós, pela humanidade...
Observei, contudo, sempre através da Canção Nova (que eu e minha esposa somos sócios) que o quadro de decadência física era visível e que Padre Léo não mais se recuperaria fisicamente.
Porém, mesmo debilitado, sua voz era firme até na descrição da doença e no apelo final: “Buscai as coisas do alto”- aliás título de seu último livro escrito a caminho de seu calvário!
As pessoas que assistiam a TV naquele “Rincão”, que foi sua última palestra, não conseguiam desgrudar o olho do vídeo. Lá estavam também emocionados seus melhores amigos: Padre Jonas, Luzia Santiago, Etho, “seus filhos”, a comunidade e o padre que o substituiria.
“Buscai as coisas do alto” - repetia, tenaz e fortemente!
Aludindo à sua doença, exclamava: – “Não sei porque este câncer veio, mas para que ele veio eu sei” (sic). – Veio para que eu seja um melhor Padre “...mais isso, mais aquilo...
Tudo entremeado de uma Santa humildade e doce resignação!
Fraco, estava mais forte, parodiando São Paulo em sua Carta aos Coríntios (12.9): “Basta-me a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta seu poder”.
Ali, compreendi e deduzi: Padre Léo estava sendo chamado ao reino dos céus!
Era a oração de despedida endereçada a milhões de telespectadores interligados na TV Canção Nova.
Era a oração de conclamação: “Buscai as coisas do alto” ...tudo o que temos materialmente um dia perderemos - dizia ele, com a potencial voz de orador, concitando-nos a voltarmos para Senhor.
Ali, naquela hora, naquele dia me convenci que o projeto de Deus tinha se completado para permanência de Padre Léo, neste mundo... e como Ele usa os seus eleitos para nos atrair, pobres pecadores, para sua Casa!
Padre Léo se foi !
Confesso, novamente, que continuo grandemente emocionado e a me perguntar: Por que choro pela partida de alguém que nem mesmo conheci pessoalmente, cuja minha ligação com ele era simplesmente de um fiel telespectador num “encontro espiritual”, “numa simples e pobre oração” começada numa clínica de fisioterapia...
O certo - e disso estou certo - Padre Léo está no céu verificando a veracidade e sinceridade desse depoimento e, certamente, “gozando” mineiramente de minhas dúvidas...
“Bobo, você não sabe como aqui, no andar de cima, as coisas são muito mais exuberantes do que aí na terra!...”
Por fim, mas não por último, como diria a filósofo, sei que temos mais um amigo no céu a interceder por nós (que somos de pouca fé) e, contraditórios nós, pedindo a Deus que dediquemos os dias terrenos que nos restam e que “Busquemos sempre as coisas do Alto”.
Laercio Andrade de Souza*
(*) O autor é professor e advogado em Itaperuna-RJ.
(*) O autor é professor e advogado em Itaperuna-RJ.