quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
E O 'CHICO' VOLTOU
E O 'CHICO' VOLTOU!
Laércio Andrade de Souza
"Chico" vivia alegre, com serenatas notívagas diariamente, soltava a voz, entusiasmado com a presença das cinco namoradas ás três da manhã, mas embora seus vizinhos gostassem do seu canto e de suas serenatas, eis que, um dia tiveram a infeliz ideia de mandá-lo para uma distante terra, chamada "liberdade", que na verdade tornou-se para ele uma prisão das mais torturantes, e de segurança máxima, daquelas destinadas aos corruptos e estupradores, pois os galinácios concorrentes, que lá habitavam, além de numerosos e fortes, eram ciumentos demais, principalmente ao ver a chegada do charmoso "chico", e, queriam porque queriam, matá-lo de qualquer forma!
Decidiu então o seu novo dono, que "chico" ficaria preso numa gaiola, isolado do mundo e de suas saudosas galinhas que ficaram livres leves e soltas! Na verdade, elas também amarguraram a falta do charmoso "chico" porque além de dar conta do "recado" era formoso e (gala)nteador! Dias depois de sua transferência, seu dono que na verdade estava mais para (sogro), pressentindo a dor da ausência, mandou buscá-lo de volta, pois era muito bonito de ouvir, e ver sua cantoria e alegria extravasada pelos belos cantos que de tanto esforço que fazia, o bico tocava a terra de tanta musicalidade que tinha no seu cantar. Ficara conhecido como galo 'músico!'
Seu 'sogro' repetia sempre para a sogra de "chico": não se muda de uma cidade grande para uma pequena vila, pois a vida é uma progressão de fatores e não de retrocessos. Ele já a condenara isso, quando um pedreiro seu disse que mudaria de Itaperuna para pequena Laje do Muriaé. Furioso disse, ao serviçal: 'Você está dispensado. Não se muda para Laje. Se muda de Laje. Mesmo que a pretensa nova moradia tivesse o pomposo nome de "Liberdade".
Eis que, numa bonita tarde de terça feira de verão, "chico" retornou ao seu lugar preferido, certo que encontraria suas parceiras até porque o carnaval se avizinhava.
Teve que, nas primeiras horas, cantar muito, soltar a voz como nunca, para atrair as parceiras que haviam migrado para o quintal vizinho, na esperança de encontrar um "chico" lá. Tristes, porém esperançosas de que o charmoso "chico" um dia voltaria para alegrar as madrugadas da mansão dos 'andrades', elas sempre circundavam a tela separatista do antigo reduto para ver se "chico" voltará.
E realmente deu certo!
Nos primeiros cantares elas voltaram, sorrateiramente para proximidade do quintal, nem acreditando que aquele cantar era do seu virtuoso namorado que retornara.
Uma das preferidas se aventurou, e forçando a "barra" atravessou com dificuldade a tela,( o segundo obstáculo)que tinha, para encontrar o velho "chico". E conseguiu, para a tristeza das demais teve o primeiro encontro físico com o seu galanteador, trocando bicadas e outras coisas mais!
Ela havia comprado dias antes da partida de "chico", abadás para a festa de carnaval, que se realizaria em frente a antiga morada.
Retirou do fundo do baú, algumas máscaras que comprará numa cidade do além mar, com nome esquisito de veneza, na esperança que um dia elas seriam usadas para fantasiar ainda mais a festa preferida de todos os brasileiros.
E satisfeita, viu seu apaixonado "chico", implorar pela reconciliação.
__Porque viajaste, nesses últimos dias para tão longe, vociferou.
__"Chico", nada, falou, nada respondeu, simplesmente calou!
Sabia do temperamento explosivo e autoritário de sua querida parceira. E silenciosamente, acatou de braços abertos no quintal, onde tantos lances amorosos haviam feitos nos últimos meses.
"Chico" prometeu uma serenata especial para esses dias de carnaval, repetindo provocantemente, letras de uma canção antiga que falava da grande festa:
- "Mas nesses dias de carnaval para mim você será sempre 'ela', com mesmo perfume, a mesma cor, a mesma rosa amarela".
E assim cantou o poema de retorno:
- "Nos dias tristes da minha reclusão, ironicamente em "Liberdade", sofri com sua ausência nas madrugada silenciosas em que tive que conter o meu canto na esperança de um dia poder voltar e soltar a voz para você a minha amada, e volta habitar o terreiro verdejante, da qual não deviam ter me tirado".
Obs: qualquer semelhança com amores, paixões humanas exacerbadas, não é pura coincidência.
LAÉRCIO ANDRADE DE SOUZA.
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