PLATÔNICO AMOR!
Laércio Andrade
de Souza.
Quem não tem ou não
teve seu amor ideal, platônico, na acepção mais sublime do termo, seja
na infância, adolescência ou velhice?
Medito sob o tema, posto que, conheci um
caso interessante de um padre com duas ‘beatas’ de determinada igreja,
próxima à minha terra natal.
O ‘pobre’ padre tinha uma admiração muito grande pelas
colaboradoras da Igreja, gerando daí intimidades.
Solteríssimas e muito católicas, frequentavam assiduamente e cuidavam da casa
paroquial e dedicavam todo seu tempo, zelo e admiração ao padre europeu,
recém-chegado ao Brasil.
Daí surgiram os boatos maliciosos que tinham algo mais que
amizade!
“Olhem, até comida e roupa lavada trazem!”
Mais sua pureza era tão grande que ele, a princípio, nem
percebia que estava no centro de atenções e fofocas e de comentários os mais açodados e maliciosos!
Tinha pouco conhecimento da língua portuguesa, e quando ia celebrar missa,
em minha terra natal, reunia os meninos e meninas para ‘conversar’ e assim,
aprender com as crianças novos termos do complicado vocabulário português!
Lembro-me , que uma das risadas que dávamos era que o’
padre-gringo’, pronunciava ‘picolô’,o que para a criançada, entre dez a doze
anos era motivo de diversão!
‘Picolô’, não padre, argumentávamos!’ O certo é picolé!
Ele sorridente tentava pronunciar corretamente o vernáculo
mas deslizava, voltando a repetir o famoso termo ‘picolô!’.
De sua paróquia, não muito distante de nossa terra natal,
continuava vindo as mais terríveis fofocas.
“Agora é pra valer” dizia uma ‘beata’! O sacerdote foi pego beijando uma das
‘cajazeiras!’. E assim por diante.
Eu nada entendia, nada compreendia, o porquê de tanta
conversa ‘atravessada’ como eram definidas as famosas ‘fofocas’.
Admirava o padre principalmente,
porque ele ia a minha terra natal, de motocicleta, com aquela ‘carrocinha’
atrelada ao lado. ,
Era uma coisa ímpar e
diferente! Coisa vinda lá de fora!
A pressão, tanto de maus católicos, como de protestantes
(naquela época não se falava em ‘evangélicos) , fez com que o’ sacerdote
bonachão’ tomasse a decisão radical:Voltar
para sua terra. Muitos disseram que nem se despediu dos paroquianos e das ‘beatas!’
Certa manhã, a comunidade soube que o padre havia ‘se mandado!’.
Passaram-se décadas, e eis que numa bela tarde de domingo,
as amigas/beatas/amantes, já com seus
quase noventa anos, residindo agora na cidade vizinha de Bom Jesus do Itabapoana-rj. Receberam uma carta do também velho
sacerdote, que dizia: ‘Olha, não estou escrevendo do céu, estou no Brasil e
quero rever meus amigos e amigas, pois não me despedi de vocês quando parti!’
Imaginem a emoção das
‘beatas’ e depois dos demais membros da
comunidade que conheceram o padre, ao lerem a carta que foi distribuídas a
todos os que conviveram com o sacerdote?
E ele cumpriu a promessa, deslocando-se do Rio de Janeiro
para Bom Jesus e à paróquia que dirigiu
décadas atrás.
Esse fato é conhecido nos meios católicos da cidade nominada
e vizinhas. Tenho amigos no face... que certamente vão lembrar do fato e atestar isso!
Escrevo, após assistir o Jornal Nacional narrar o caso de
São João Paulo II, e sua possível(!)
aventura amorosa com uma escritora.
O certo, e disso estou certo, que ninguém escapa de
situações como essa.
De Jesus Cristo, com
Maria Madalena; de A. com Rs. (Iniciais dos envolvidos), na narração acima. E agora,
de João Paulo II, com seu platônico amor pela escritora.
Por fim, mas não por último, como diria o filósofo, as
fofocas irão permanecer mundo afora, principalmente na mídia, sequiosa de ‘notícias’
impactantes e que deem audiência.
Mas, caro leitor(a), atirem a primeira pedra quem não teve
ou não tem um platônico amor!
O autor é presidente da Academia Itaperunense de Letras.
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