segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PLATÔNICO AMOR!

 PLATÔNICO AMOR!
                                Laércio Andrade de Souza.
Quem não tem ou não  teve seu amor ideal, platônico, na acepção mais sublime do termo, seja na infância, adolescência ou velhice?
Medito sob o tema, posto que,  conheci um  caso interessante de um padre com duas ‘beatas’ de determinada igreja, próxima à minha terra natal.
O ‘pobre’ padre tinha uma admiração muito grande pelas colaboradoras da Igreja, gerando daí intimidades.
Solteríssimas e muito católicas,  frequentavam assiduamente e cuidavam da casa paroquial e dedicavam todo seu tempo, zelo e admiração ao padre europeu, recém-chegado ao Brasil.
Daí surgiram os boatos maliciosos que tinham algo mais que amizade!
“Olhem, até comida e roupa lavada trazem!”
Mais sua pureza era tão grande que ele, a princípio, nem percebia que estava no centro de atenções e fofocas e  de comentários os mais açodados e maliciosos!
Tinha pouco conhecimento da  língua portuguesa, e quando ia celebrar missa, em minha terra natal, reunia os meninos e meninas para ‘conversar’ e assim, aprender com as crianças novos termos do complicado  vocabulário português! 
Lembro-me , que uma das risadas que dávamos era que o’ padre-gringo’, pronunciava ‘picolô’,o que para a criançada, entre dez a doze anos  era motivo de diversão!
‘Picolô’, não padre, argumentávamos!’ O certo é picolé!
Ele sorridente tentava pronunciar corretamente o vernáculo mas deslizava, voltando a repetir o famoso termo ‘picolô!’.
De sua paróquia, não muito distante de nossa terra natal, continuava vindo as mais terríveis fofocas.
“Agora é pra valer” dizia uma  ‘beata’! O sacerdote foi pego beijando uma das ‘cajazeiras!’. E assim por diante.
Eu nada entendia, nada compreendia, o porquê de tanta conversa ‘atravessada’ como eram definidas as famosas ‘fofocas’.
Admirava o padre  principalmente, porque ele ia a minha terra natal, de motocicleta, com aquela ‘carrocinha’ atrelada ao lado. ,
Era uma coisa  ímpar e diferente! Coisa vinda lá de fora!
A pressão, tanto de maus católicos, como de protestantes (naquela época não se falava em ‘evangélicos) , fez com que o’ sacerdote bonachão’  tomasse a decisão radical:Voltar para sua terra. Muitos disseram que nem se  despediu dos paroquianos e das ‘beatas!’
Certa manhã, a comunidade  soube que o padre havia ‘se mandado!’.
Passaram-se décadas, e eis que numa bela tarde de domingo, as amigas/beatas/amantes,  já com seus quase noventa anos, residindo agora na cidade vizinha de  Bom Jesus do Itabapoana-rj.  Receberam uma carta do também velho sacerdote, que dizia: ‘Olha, não estou escrevendo do céu, estou no Brasil e quero rever meus amigos e amigas, pois não me despedi de vocês quando parti!’
Imaginem  a emoção das ‘beatas’ e depois dos  demais membros da comunidade que conheceram o padre, ao lerem a carta que foi distribuídas a todos os que conviveram com o sacerdote?
E ele cumpriu a promessa, deslocando-se do Rio de Janeiro para  Bom Jesus e à paróquia que dirigiu décadas atrás.
Esse fato é conhecido nos meios católicos da cidade nominada e vizinhas. Tenho amigos no face... que certamente  vão lembrar do fato e  atestar isso!
Escrevo, após assistir o Jornal Nacional narrar o caso de São João Paulo II, e sua possível(!)  aventura amorosa com uma escritora.
O certo, e disso estou certo, que ninguém escapa de situações como essa.
De Jesus  Cristo, com Maria Madalena;  de A. com Rs. (Iniciais  dos envolvidos), na narração acima. E agora, de João Paulo II, com seu platônico amor pela escritora.
Por fim, mas não por último, como diria o filósofo, as fofocas irão permanecer mundo afora, principalmente na mídia, sequiosa de ‘notícias’ impactantes e que deem audiência.
Mas, caro leitor(a), atirem a primeira pedra quem não teve ou não tem  um platônico amor!
                                                       O autor é presidente da Academia Itaperunense de Letras.


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