terça-feira, 19 de julho de 2016

Prece do Advogado e professor.

Prece do Advogado e Professor

Obrigado, Senhor!

Laércio Andrade de Souza

Pelas profissões que me dotastes: Professor e Advogado.
Naquela, a ousadia de ensinar, educar, instruir (principalmente jovens) para a vida e tentar transformar a sociedade.,,lidando com personalidades diversas, aprendendo a ser paciente até com os impacientes; verdadeiro, com os falsos e mentirosos; amável e compreensivo com os que cultivavam o ódio, a revolta. Nesta, desenvolvi o senso da Justiça, perseguindo em cada caso a Justiça infinita, embora sabedor que esta só a Vós pertence!
Vivi casos e 'causos'!
Senti, principalmente nos clientes mais humildes, a gratidão, embora tenha feito somente  o meu dever, minha obrigação juramentada.
Fui ético com colegas, juízes, promotores, delegados, servidores da Justiça, até com os sem ética!
Verifiquei, na defesa dos clientes, o quanto Fostes injustiçado no seu 'julgamento' ao ser-Lhe/Vous negado um defensor e condenado sem provas, ao sabor de uma motivação político-religiosa e de um 'plebiscito', injusto,  indecoroso e circunstancial!
Nunca 'lavei as mãos', como Pilatos no julgamento de Cristo!
Defendi os fortes com altivez e os fracos com tenacidade e amor.
Lutei por minha Classe, com ou sem mandato, expondo-me a ira de 'autoridades' desqualificadas, mas com 'poder'.
Não poucas vezes chorei por não ter feito a melhor defesa que desejava para convencer o magistrado(a) de seu erro; de sua subjetividade,  de sua parcialidade nos julgamentos.
Amei, do meu jeito, ambas as profissões!
Hoje, já decano, olho para minha biblioteca (parte desatualizada) e concluo: foi com estes livros que defendi minha comunidade, clientes, pessoas, a Classe!
Alimentei os pobres com a Justiça que pude fazer e supri minha família nas necessidades básicas.
Como herança, deixo uma juíza e dois advogados, duas noras também advogadas,  e um neto (estagiário de direito), uma dezena de colegas que acolhi em meu modesto escritório, que hoje brilham no exercício da advocacia e em funções conexas.
Destes, não quero qualquer tipo de recompensa material, nem reconhecimento. Mas exijo ética, justiça, compreensão, principalmente com os materialmente mais pobres, bem como respeito ao Direito e a Justiça!
Obrigado, Senhor!
Itaperuna, 5 de julho de 2016 (cinquentenário da interiorização da OAB-RJ.).
(Dedico esta simples oração a todos os colegas advogados e também os que, cumulativamente exerceram a nobre profissão de professor).

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PLATÔNICO AMOR!

 PLATÔNICO AMOR!
                                Laércio Andrade de Souza.
Quem não tem ou não  teve seu amor ideal, platônico, na acepção mais sublime do termo, seja na infância, adolescência ou velhice?
Medito sob o tema, posto que,  conheci um  caso interessante de um padre com duas ‘beatas’ de determinada igreja, próxima à minha terra natal.
O ‘pobre’ padre tinha uma admiração muito grande pelas colaboradoras da Igreja, gerando daí intimidades.
Solteríssimas e muito católicas,  frequentavam assiduamente e cuidavam da casa paroquial e dedicavam todo seu tempo, zelo e admiração ao padre europeu, recém-chegado ao Brasil.
Daí surgiram os boatos maliciosos que tinham algo mais que amizade!
“Olhem, até comida e roupa lavada trazem!”
Mais sua pureza era tão grande que ele, a princípio, nem percebia que estava no centro de atenções e fofocas e  de comentários os mais açodados e maliciosos!
Tinha pouco conhecimento da  língua portuguesa, e quando ia celebrar missa, em minha terra natal, reunia os meninos e meninas para ‘conversar’ e assim, aprender com as crianças novos termos do complicado  vocabulário português! 
Lembro-me , que uma das risadas que dávamos era que o’ padre-gringo’, pronunciava ‘picolô’,o que para a criançada, entre dez a doze anos  era motivo de diversão!
‘Picolô’, não padre, argumentávamos!’ O certo é picolé!
Ele sorridente tentava pronunciar corretamente o vernáculo mas deslizava, voltando a repetir o famoso termo ‘picolô!’.
De sua paróquia, não muito distante de nossa terra natal, continuava vindo as mais terríveis fofocas.
“Agora é pra valer” dizia uma  ‘beata’! O sacerdote foi pego beijando uma das ‘cajazeiras!’. E assim por diante.
Eu nada entendia, nada compreendia, o porquê de tanta conversa ‘atravessada’ como eram definidas as famosas ‘fofocas’.
Admirava o padre  principalmente, porque ele ia a minha terra natal, de motocicleta, com aquela ‘carrocinha’ atrelada ao lado. ,
Era uma coisa  ímpar e diferente! Coisa vinda lá de fora!
A pressão, tanto de maus católicos, como de protestantes (naquela época não se falava em ‘evangélicos) , fez com que o’ sacerdote bonachão’  tomasse a decisão radical:Voltar para sua terra. Muitos disseram que nem se  despediu dos paroquianos e das ‘beatas!’
Certa manhã, a comunidade  soube que o padre havia ‘se mandado!’.
Passaram-se décadas, e eis que numa bela tarde de domingo, as amigas/beatas/amantes,  já com seus quase noventa anos, residindo agora na cidade vizinha de  Bom Jesus do Itabapoana-rj.  Receberam uma carta do também velho sacerdote, que dizia: ‘Olha, não estou escrevendo do céu, estou no Brasil e quero rever meus amigos e amigas, pois não me despedi de vocês quando parti!’
Imaginem  a emoção das ‘beatas’ e depois dos  demais membros da comunidade que conheceram o padre, ao lerem a carta que foi distribuídas a todos os que conviveram com o sacerdote?
E ele cumpriu a promessa, deslocando-se do Rio de Janeiro para  Bom Jesus e à paróquia que dirigiu décadas atrás.
Esse fato é conhecido nos meios católicos da cidade nominada e vizinhas. Tenho amigos no face... que certamente  vão lembrar do fato e  atestar isso!
Escrevo, após assistir o Jornal Nacional narrar o caso de São João Paulo II, e sua possível(!)  aventura amorosa com uma escritora.
O certo, e disso estou certo, que ninguém escapa de situações como essa.
De Jesus  Cristo, com Maria Madalena;  de A. com Rs. (Iniciais  dos envolvidos), na narração acima. E agora, de João Paulo II, com seu platônico amor pela escritora.
Por fim, mas não por último, como diria o filósofo, as fofocas irão permanecer mundo afora, principalmente na mídia, sequiosa de ‘notícias’ impactantes e que deem audiência.
Mas, caro leitor(a), atirem a primeira pedra quem não teve ou não tem  um platônico amor!
                                                       O autor é presidente da Academia Itaperunense de Letras.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016