quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Tempus fugit - Crônica

                                                   

















Tempus fugit!
                                                                                         
                                                                          Laércio Andrade de Souza

Que ideia 'louca' essa de medir o tempo.
Desde criança isso me tortura!
Passava nas ruas e alguns velhos diziam:  '1960 chegará, mas de 1960 não passará!'
Inculcado, recorri ao padre, ao político e até a uma conhecida prostituta!
O padre me disse que 'Nosso temp o não é o tempo de Deus'. Nada entendi. Nada compreendi!
O conhecido político (tinha perdido a eleição), dissimuladamente disse: 'Daqui há quatro anos, volto!'.
Inocente, exclamei: 'mas é muito tempo!'. 'Nada, resmungou, passa rápido' - vaticinou.
Então me restou a conhecida prostituta, que respeitosamente vou chamá-la de '0lga'. Que é o tempo minha cara? 'Sei não garoto, mas vou tentar te explicar! 'Senta aqui em meu 'colo' e vou te ensinar uma 'coisa!'. Escabriado, mas cheio de curiosidades assenti e ela pôs minha mão a acariciar-lhe os seios. Cai fora! Mas ela queria me ensinar o sexo, o amor na concepção dela.
A dúvida persistiu e me acompanhou sempre!
Veio o final da década de 50, e o , no mundo todo da criançada corria o boato de que '1960 chegará' mas de 1960 não passará!
Pô, morrer aos 15 anos!
O mundo não acabou! Mas minha dúvida, continuou! Aliás, aumentou!
Tentei esquecer.
Continuei os estudos, até chegar à Faculdade de Direito.
Devorei livros, 'aporriei' professores mas definição mesmo nada!
Uma bela tarde, visitando a biblioteca da Faculdade, deparei com um livro, que tenho até hoje: Direito Intertemporal, de Wilson Campos Batalha. Juntei os 'cruzeiros' que tinha e não hesitei em comprar aquela obra, pois acrescentava  um 'inter' na minha dúvida: Intertemporal! onde o autor analisava o TEMPO sobre os diversos ângulos, antes de adentrar na aplicação jurídica.
Piorou: São tantas definições...
Relembro do padre e recorro ao livro sacro, a Bíblia. E no Eclesiastes, estava lá: '... tudo tem o seu tempo certo! Tempo para plantar, tempo de colher. De abraçar, de deixar de abraçar...' E assim por diante!
Minhas preocupações com o tema, aprofundaram. A final de contas, 'era a palavra de Deus!'.
Voltei ao tempo das aulas de física do notável pe. Hubert Lindelauf, que sempre repetia:'A velocidade vence o tempo'.
Então vou correr, vou voar, acabar com essa terrível dúvida. No dia que puder, entro num foguete e pronto! Mas era para mim pura imaginação. Algo improvável, irrealizável.
Percebi quando fiz uma viagem internacional de avião que, na prática, minha dúvida era séria: Criaram os 'fusos horários' para 'tapear' a louca medição! E, agora, para rimar:' O horário de verão!'
Nesta hora que escrevo, dia no Brasil, amanhecer no Japão!!!
Então, melhor deixar pra lá essa questão!
Porém, vou ao face... e lá, curiosamente, volta a tentação: Respondendo a umas perguntinhas você pode saber seu 'tempo (idade) mental!'. Cai nessa e veio o resultado para me agradar: Você tem 17 anos! Acreditei. Afinal, quem não gostaria de voltar ao 'tempo perdido?'
Contente, por um lado, e preocupado do outro, afirmo questionando: Eu estava certo! Isso tudo é uma bobagem. O tempo não existe. É uma ficção. Invenção dos homens para subordinarem-se e aos outros.
Mas o calendário em minha mesa é cruel: Dia 4 de Março se aproxima e você faz 70!
Jogo o calendário no lixo mas pouco adianta: Atrás de mim os ponteiros de  um relógio presenteado por uma amiga da Academia, não cansa de me lembrar: Uma e 20 da manhã de sexta! Pego o celular para desligar e lá acusa: Uma e vinte e dois...
Puto da vida, subo aos meus aposentos no segundo andar; escovo os dentes, e, no espelho as 'rugas' a me lembrar: 'Você não é tão novinho assim, olha aí...' , a 'cicatriz lá!'
É não tem jeito mesmo, não obstante recordar a mocinha a me agradar (no show do Iglesias) dizendo: 'O senhor é mais bonito do que ele!' Bela 'cantada' que o tempo não me permite mais aceitar!
Só me resta repousar, e lembrar que já passou mais de hora escrevendo essa bobagem!
Já é passado!
Tempo... tempo...tempo!

Ps. Quem quiser perder tempo, que leia e corrija os erros de português, pois não vou voltar ao tempo para revisar!