quinta-feira, 31 de março de 2011

DA (IN)CAPACIDADE DE SE INDIGNAR

                          Você, amigo seguidor, já percebeu que nós brasileiros estamos perdendo a capacidade de nos indignar?  Explico: quando menino, ainda adolescente, ficava chocado com a  notícia de um furto qualquer. Podia ser coisa de pequeno valor, material ou não, cometido por um adolescente ou adulto.

                         Minha mãe, mulher "brava" - mas inteligente e educadora - esbravejava: "quem rouba um ovo, rouba um cavalo!"

                         Sua indignação comparativa devia-se ao fato de o abigeato "estar em volta " no meio rural. 
                       
                         O cavalo era o meio de transporte usual, tão útil como a motocicleta, bicicleta e um automóvel.
                         Hoje, tanto a imprensa falada como a escrita e televisiva nos traz um festival de assaltos, mortes, corrupções, estupros, execuções sumárias, violência policial e, porque não, judicial!

                         Pouco protestamos! Pouco nos indignamos!

                         Somos omissos, criando nossos" mundinhos" pensando que os  reflexos não nos atingirão!

                        O fenômeno não é exclusividade nossa. O fato é mundial!

                        Escrevendo sobre o tema, Stéphane Hessel, um jovem de 93 anos, em  seu "INDIGNEZ  VOUS" ("Fique Indignado"), incitou principalmente os jovens ao "... não conformismo pacífico...".

                       Hessel, escritor judeu alemão criado em Paris, ajudou a escrever a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM, em 1948.

                       Alceu Amoroso Lima também referiu-se ao tema ao prefaciar o livro "TORTURAS E TORTURADOS", de Márcio Moreira Alves, título que tanto tortura os torturadores do golpe militar de 64 até hoje!

                     Voltando ao nosso burgo, quero com este artigo, cheio de imperfeições, mas com os precedentes de toda minha militância político-partidário-corporativa etc. manifestar, mais uma vez, minha indignação com a violência contra a vida; contra as minorias e, principalmente, contra a mãe natureza, que  "geme" do Haiti às Filipinas, da região serrana ao Japão!

                   Indignem-se, portanto, ó jovens! Para cada ação maléfica uma ação pacífica contundente; em cada ramo de atividade que exercerem, escrevendo, discursando, dizendo não ao erro, pena de estarem incursos e/ou colaborando com os  criminosos e incindindo na omissão, talvez a mais abominável forma de pecar.

                      Sabiam que o omisso é pior que o ladrão? Este pode, pelo menos, se regenerar; aquele, é mais difícil, pois estará sempre escudado nas pseudo-assertivas "... não tenho nada com isso", "não é problema meu", "é caso para a polícia" etc.

                

sexta-feira, 11 de março de 2011

SE O RIO MURIAÉ FALASSE...

SE O RIO MURIAÉ FALASSE
Laercio Andrade de Souza

Anteontem, fui estuprado em meu leito por mais um caminhão de entulho, e meus “defensores” nada fizeram!...

Ontem fui agredido com muitos cestos de lixo.

Hoje roubaram mais areia, fruto de meu paciente trabalho de longos anos...

Envenenaram recentemente meu corpo, poluindo todo o meu ser com mercúrio de uma aurífera e perdulária ganância!

Encontrei, temporariamente, um defensor que os homens chamam de Ministério público, que evitou minha liquidação rápida e de meu amigo Itabapoana, expulsando garimpeiros violadores.

Traficaram com as terras de minha margem!

Isso tudo, sem falar no quase centenário despejo de dejetos (esgotos, lamas, subprodutos de indústrias, pústulas de hospitais e animais putrefatos), que suporto em nome do “progresso” das cidades que banho. Uma (Muriaé) tem até meu nome; outra (Laje do Muriaé) me imita.

Muros, pontes e construções me desafiam cotidianamente.

‘As vezes penso porque fazem isso comigo, se trago VIDA, ofertando água de meu corpo e alimentação para muita gente ingrata (maus pescadores!) que matam meus amigos peixinhos com bombas e arapucas infernais.

Até gases já usam!...

Que seriam desses “caras” sem mim? Será que não manjam isso? Ou é a suprema ignorância dos ignorantes?...

Quando alio-me às chuvas e me revolto em forma de enchentes, vejo assacadas contra mim toda espécie de calúnias, injúrias e difamações possíveis.

Sirvo, nessas épocas, de bode expiatório para gastarem mais verbas públicas nas “calamidades” com “minha agressão”, quando o objetivo é apenas limpar meu leito.

Sou obrigado a ouvir besteiras como:

“É preciso fazer um dique neste rio!”

“É necessário diminuir-lhe o leito e murar-lhe as margens!”

“Por que não rebaixam esse rio para mais facilmente ser dominado?”

“Tirem-lhe as ilhas!...”

Tudo isso para uma solução tão fácil: bastaria o respeito mútuo. Eu correria pelos caminhos que a natureza me deu ofertando tudo que tenho, sem nada pedir de volta.

Já repararam que caminho sempre em frente ?

(Interessante)! Sujam-me as águas e depois gastam grandes somas de dinheiro para depurá-las.
Não me dão direito nem ‘a legítima defesa da VIDA! Quero um júri verdadeiramente popular!

Pessoas, presumivelmente cultas, me enaltecem de manhã e me violam à noite.

Dupla personalidade humana!

Grossa hipocrisia tenho que assistir!...

Até o chamado poder público cria “amigos” para mim com nomes esquisitos de “CECA”, “SERLA”, DE “FEEMA” etc. para me “proteger”, mas pouco fazem por mim.

Crio até problema jurídico. Até hoje não sei se sou Federal, Estadual ou Municipal. Cada órgão me rejeita à medida que protesto e peço proteção.

Por tudo isso não queria ser “inanimado”, como dizem os homens que me circundam!...

Tenho mais vida e mais inteligência e sou mais compreensivo com eles do que eles comigo e com suas próximas gerações.

Corro para o mar, que é grande! As pessoas fazem coisas pequenas!...

Estou certo de que para mim só me restam poucos anos de vida...

Morrer a cada minuto, a cada hora, a cada dia, a cada mês, a cada ano, é o meu derradeiro destino, definhando o meu corpo pela “AIDS” que o “progresso” da cidade me transmitiu, enfraquecendo progressivamente meu corpo e minha alma. Só que minha morte “provocada” trará outras mortes: a dos peixinhos que tanto amo; das flores deslumbrantes que rego; da relva que me acolhe e me conforta; dos pássaros que saciam sua sede em minha águas!...

Minha suprema vingança será no dia em que eu faltar. Então, sedentos, muito “seres animados” pouco durarão.

Mas restará, certamente, minha amiga chuva (mesmo um pouco ácida!), para escrever o meu epitáfio no cemitério pedregoso e fétido, povoado de outras aves de rapina:
“DEU VIDA A QUEM SO´ TRABALHOU PELA SUA MORTE”.

(Homenagem crítica de um itaperunense ao meio ambiente, aos rios brasileiros, e, em particular, ao rio Muriaé que banha Itaperuna-RJ).

Itaperuna, fevereiro, 1988
 
O autor é advogado e professor em Itaperuna”
“Membro da Academia Itaperunense de Letras”

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Dia Internacional da Mulher

DIA INTERNACIONAL DA MULHER E O ARGUMENTO
MAIOR DE SUA SUPREMACIA
Laercio Andrade de Souza

A luta das mulheres é, no geral, a luta do gênero humano em busca de Justiça e de Equidade.

É a luta da mulher negra e do homem branco escravizado, do índio; do desempregado, do idoso e da idosa; do deficiente; do injustiçado; enfim, dos mais fracos socialmente.

A luta pelos direitos da mulher reveste-se neste dia de uma conotação maior, face aos episódios históricos.

De Jesus Cristo na defesa da adúltera Madalena, há dois mil anos, à recente data de 1908, quando em Nova Yorque 129 trabalhadoras foram asfixiadas por lutarem por dez horas de trabalho diário, houve avanços e retrocessos.

Na verdade, a mulher, por ser aparentemente mais fraca, é alvo de discriminação em diversas culturas:

Em nossa cultura: no lar, no emprego, no casamento, na sexualidade...

Em culturas orientais: a submissão e discriminação chegam a ser perversas.

Lembre-se dos episódios recentes de um julgamento em Paris de muçulmanos acusados de fazer o seccionamento do clitóris de adolescentes, lesionando seus corpos, com a justificativa de que “a mulher é vedado o prazer sexual”(!)

A lição de Cristo, ouvida, mas não integralmente cumprida, foi contestada dentro da própria Igreja, na inquisição durante a Idade Média.

A versão cinematográfica de “O nome da Rosa”, de Humberto Eco, traz o diálogo entre o religioso inquisitorial e um frade progressista.

À certa altura do diálogo áspero, este fulmina a polêmica com uma afirmação incontestável;

“Não concebo que o criador se prestaria a trazer ao mundo uma classe (a das mulheres) tão objeta, como quer rotular os tribunais da santa Inquisição”.

O Papa João Paulo II, refletindo sobre o tema e tantas outras atrocidades da Inquisição, vem repetindo que “a Igreja deverá pedir perdão pelos excessos inquisitoriais”.

O certo é que a luta das mulheres pelo espaço deve continuar no plano religioso, moral, político, empresarial, etc.

Resta também repensar a linha de conduta de algumas campanhas de feministas que, radicalizando, pretendem, na essência, que as mulheres se tornem “verdadeiros homens”.

A mulher deve ter a missão que o Criador a destinou, com toda a doçura, cordialidade, maternidade e parceira igualitária do homem, dentro do ambiente familiar, social político, religioso, econômico.

Neste dia 08 de março, DIA INTERNACIONAL DA MULHER, os homens devem se lembrar de um detalhe: saíram do corpo de uma mulher.

O próprio Criador, que tinha um milhão de formas de fazer chegar ao mundo seu Único Filho, optou por escolher uma mulher: Maria.

Precisam de homenagem e argumento maior que este para se reconhecer a supremacia da mulher?

Não conheço.

Este argumento é irrefutável para quem crê em Nosso Senhor Jesus Cristo, filho unigênito do Criador e Salvador de todos nós.

(O autor é membro da Academia Itaperunense de Letras e do IAB - Instituto dos Advogados do Brasil)

A NATUREZA

        A natureza geme. A terra treme. As águas rolam. O eixo descola. O homem chora e Kadhafi comemora! Afinal, saiu do foco com sua loucura "in loco"!